Cantinho do Céu
2009 – 2012
Rua das Andorinhas Brasileiras, Grajaú
SP, Brasil
O projeto de urbanização desenvolvido para os loteamentos irregulares que compõem o Complexo Cantinho do Céu foi desenvolvido com base em estudos e diretrizes formuladas pela Secretaria Municipal de Habitação.
Diante do desafio de intervir nessa área, alvo de ação civil pública, consolidada, densamente ocupada, ambientalmente frágil, com grandes dimensões territoriais e acesso direto à barragem Billings, novos projetos experimentais se fizeram necessários. O desafio é superar os problemas decorrentes da ocupação irregular e precária de uma área de proteção ambiental e, principalmente, da ocupação inadequada da orla do reservatório, que foi agravada pela falta de saneamento básico.
No desenvolvimento do projecto de urbanismo procurámos formular hipóteses de intervenção que visassem ultrapassar o conjunto de défices de infra-estruturas, qualificando e integrando o povoamento à cidade, conjugando as várias disciplinas envolvidas, as questões fundiárias e pós-ocupação, bem como a forma de organização da população.
Ficha Técnica
Área de Intervenção
1.543.761 m²
Pavimentação
79.833,74 m²
Drenagem
5.563,08 m
Esgotamento sanitário
242,15 m
Contenções
197,66 m²
Vielas
278 m²
Parque: (aprox.)
250.000,00m²
Realização
Secretaria Municipal de Habitação (Prefeitura do Município de São Paulo)
A qualificação urbana e ambiental do Cantinho do Céu que o projeto de urbanização propõe materializa-se como “tudo ao mesmo tempo”, em que as ações ocorrem simultaneamente, orquestradas ao longo do eixo de criação dos espaços públicos.
Nesse sentido, algumas palavras retratam nosso modo de agir nesses contextos – diálogo e harmonia – que se contrapõem à imposição e arbitrariedade do local. Assim, respeitamos os esforços envidados no processo desta ocupação que em alguns casos representam o trabalho da vida das pessoas.
As primeiras ideias centraram-se em dar condições de acesso e mobilidade e implementar infra-estruturas sanitárias aos moradores do Cantinho do Céu, bem como reverter o impacto ambiental negativo que a sua falta representou nos mananciais e na qualidade do abastecimento de água a a população da Grande São Paulo.
Outro aspecto importante, além da infraestrutura, foi a necessidade de remoção das edificações, seja pela impossibilidade de interligação à infraestrutura, seja pelas situações de risco a que estavam expostas, mas principalmente aquelas localizadas às margens da Represa Billings. Com isso, foi possível transformar a área em parque, permitindo que a população se aproximasse da água.
A solução do projeto para vias perpendiculares ao parque, que se incluem como vias de menor trânsito, teve como premissa explícita o uso compartilhado entre pedestres e automóveis, e de marcação de acesso ao parque.
Estas soluções foram aplicadas no empreendimento Residencial dos Lagos, que para além do traçado especial das ruas, definiu estas zonas como pontos de transição: onde se encontram com o parque, eram de cor vermelha e foram concebidas com geometrias distintas sinalizar mudança de uso e possibilitar sua integração ao parque.
A área do parque possui condicionadores muito específicos, de modo que optamos por fazer o planejamento preliminar e desenvolver o projeto somente quando fosse concluída a remoção das edificações de cada trecho.
Este método permitiu desenvolver o projeto com base nas características do terreno, reconhecendo a sua especificidade e propondo intervenções que evidenciam a importância ambiental e paisagística do reservatório, ao mesmo tempo que possibilitou a integração das ocupações envolventes à área do parque.
As ruas com menos trânsito foram tratadas de forma diferenciada, com pavimento de concreto intertravado com sistema de drenagem localizado no meio da rua. Esta alternativa afasta a drenagem dos lotes, respeitando a variação da cota das soleiras das portas.
A intervenção é composta por um conjunto de áreas destinadas à preservação e usos diversos como lazer, recreação, desporto e contemplação
Procuramos definir várias áreas com usos específicos para permitir que residentes de todas as idades encontrassem um local de lazer, seja para andar de skate, passear, jogar bola, utilizar os parques infantis, cinemas, decks ou outros espaços concebidos para outros usos.
O projeto do parque também incorporou os lados cegos dos edifícios que o enfrentavam propondo que fossem tratados como painéis, utilizando cores e ritmos integrados para compor uma paisagem com um ambiente natural e construído.
O Parque é um trecho de apropriação da comunidade que designa o limite entre a área ocupada e o reservatório. A intervenção promove a qualidade de vida dos residentes através da utilização de soluções de design que valorizam o lazer nos restantes espaços e os integram funcionalmente na cidade.
